6 dicas que o Governo pode aprender com as manifestações

sábado, junho 22, 2013 Jony Lan 1 Comments


Quando se faz uma pesquisa de marketing, a primeira coisa a se definir é o público alvo. Mas quem é o público alvo que frequenta as manifestações? Jovens ou a representação da população? A maioria dos manifestantes são da geração da década de 90'. E o que faz a geração da década de 90' em pleno ano de 2013? Aprenderam a consumir que a corrupção acaba em pizza, que a dívida interna do país é enorme, que a educação pública está mais que sucateada e que o SUS está pior que o buteco "copo sujo" da esquina, sem condições.

Mas também são parte da geração Y, que vivem conectadas na internet, consomem informação mais que os lideres governantes atuais, que são da década de 60 (30 anos de diferença entre as gerações). Hábeis em não respeitar o obsoleto, estava claro que mais cedo, mais tarde, a geração que hoje está nas ruas, poderia transformar a mobilização espontânea de Flash Mobs, campeonatos de guerras de travesseiros em manifestações muito bem organizadas no sentido de levar gente para as ruas sem nenhuma filiação política.

E como o Governo pode aprender com esse fato histórico que está acontecendo?

Contexto 1

Manifestação sem liderança é que nem cardume, um monte de gente aglutinada em uma direção. Quando uma manifestação não tem liderança, significa que a coisa não foi articulada? Ledo engano, se não tivesse sido articulada, não aconteceria uma manifestação enorme. Quando um cardume de peixe nada em uma direção ele o faz não por uma liderança, mas eles funcionam na base do “maria-vai-com-as-outras”: se um membro vê que a maioria tende a ir numa direção, ele vai também. E faz isso por "instinto".

Problema para o Governo: A política é expert em dialogar com líderes, quando não há líderes, com quem ela irá dialogar?

Dica #1:

Pensar fora da caixa. Querer falar com uma liderança quando não há liderança, indica que a política não está em sintonia com a população, no caso os manifestantes. E que em volta deles estão os mais experientes, maduros e no mínimo pais, gerações diferentes, mas com um sentimento em comum, um "instinto": mudança. Quer conversar com eles, pense como eles.

Contexto 2

Em uma manifestação sempre haverá confusão, porque ali é quase que uma micro representação da sociedade, de diversas classes sociais, educações, berços e interesses. Já foi provado em Harvard, que se você pegar um grupo de alunos inteligentes e juntar, sempre haverá aqueles que não irão fazer nada e outros farão tudo. Isso é comportamento de sociedade, de massa.

Problema para o Governo: Se a polícia não pode exercer o direito de exercer a ordem e evitar os crimes e a depredação do patrimônio público e privado com medo de ser criticada pelos direitos humanos de abuso de força, como ela deve agir?

Dica #2:

A execução da responsabilidade pela ordem e repressão aos crimes é da Polícia, ponto. Se há gente encapuzada jogando pedra na polícia por motivo algum, isso é desacato. Infringiu a lei, mesmo em uma manifestação, cumpre-se a mesma. Se a Polícia sabe o que vai acontecer, há como prever o comportamento humano e agir antes que ocorra. Isso é planejamento! E é certo que a polícia sabe que para pegar um líder de uma manifestação, basta se infiltrar no meio da manifestação à paisana e repassar de dentro dela o que pode ocorrer. Isso é estar próximo do seu "target".

Contexto 3

Diversas pessoas segurando cartazes reivindicando dezenas de coisas é sinal de insatisfação em diversos pontos. Não precisa ir para as ruas para reclamar só do ônibus que está caro. O problema não é o ônibus, o problema é a insatisfação da população em diversos pontos. Aliás, o ônibus é a solução modal mais arcaica na logística, só ganha da carroça puxada por cavalos. Melhor brigar por metrô!

Problema: Como o Governo vai descobrir em que ponto atuar primeiro se além de transporte há uma reivindicação para outras demandas?

Dica #3:

Se o Governo tem o papel de fiscalizar, quem tem o papel de fiscalizar quem fiscaliza? O fato é que o Governo parece ouvir a população, mas mesmo que ouça, não faz nada de concreto para mostrar que fez algo. É que nem em uma empresa, se você fala que está com defeito, trocam na hora. Se informa isso para o Governo, ele pede para abrir um processo e em 5 anos lhe dá a resposta. Não é o excesso de burocracia, é a falta do item básico número 1 de uma organização, ouvir o seu cliente, no caso, a população e executar o que se pede. Esconder o que é visível é a pior gestão de imagem e credibilidade que um Governo pode fazer. Não há almoço grátis, não prometa um cardápio que não pode ser apresentado.

Contexto 4

A população carece de uma resposta as suas reivindicações, por isso as manifestações estão tomando proporções gigantescas. Em meio a manifestações pequenas, fica fácil controlar, já com manifestações sem liderança para reprimir ou dialogar e com um grande aglomerado de gente, as manifestações ganham corpo e sem controle aparente. Principalmente quem está acostumado a ver manifestações com lideranças.

Problema: Como o Governo poderá controlar as manifestações que ocorrem em todo o país?

Dica #4:

O Governo só controla os manifestantes se estiver perto deles, ouvindo, conversando e propondo que a polícia acompanhe-os para saber antes o que eles pretendem com as manifestações e prever o que poderá ser feito e o que poderá ocorrer em um cenário de descontrole.

Contexto 5

A preocupação maior do Governo deve estar na falta de habilidade em lidar com uma situação que não estavam preparados: Ouvir críticas no país inteiro na rua com milhares de pessoas ao mesmo tempo.

Há um aspecto simples que marcam todos os grandes líderes empresariais: visão e execução.

Problema: O marketing político feito pelos Governantes não está dando certo, muito pelo contrário está piorando cada dia em que ficam calados e sem respostas. O fato é que o Governo ainda não sabe lidar com os formatos das manifestações atuais.

Dica #5:

Mais que ouvir as pessoas, os cidadãos e a população de manifestantes, o Governo deve aprender que como qualquer cliente, a população avalia suas expectativas por custo e benefícios. Se o custo está alto (juros, impostos, preços) e os benefícios baixos, a expectativa é frustrada. Uma regra tão básica no Marketing que faria uma diferença enorme para o Governo, claro, se soubesse utilizá-la. É fato, se em época eleitoral, o político promete, aumenta a expectativa e se ao final isso não se realiza, não se concretiza, a expectativa é essa: manifestações nas ruas. O nível de expectativa da população deve ser medido de forma transparente. Maquiagens nos números só prejudicam a apuração das expectativas.

Contexto 6

Você pode fazer 9 coisas lindas e maravilhosas, mas o cérebro humano tem a capacidade de lembrar apenas o que há e "ruim" e marcante, o que há de diferente e inusitado. Talvez por isso que a televisão goste tanto de mostrar os lados negativos de uma notícia, pois além de chamar a atenção do seu telespectador, ele irá lembrar e compartilhar com outros.

Problema: Como o Governo brasileiro irá melhorar a imagem do país no exterior?

Dica #6

Para melhorar a imagem do Brasil, não será a publicidade excessiva que o Governo deve fazer, nem com a distribuição de bolsas famílias. A melhor forma dela melhorar é dando exemplo, e isso requer ação e não comunicação. Não que esta não seja importante, mas a falta de sensação de que o que foi dito foi feito e do que não é justo, não está sendo concretizado, está piorando cada vez mais o cenário da próxima eleição. Estamos prestes a ver jovens desconhecidos ocuparem lugares de velhos conhecidos na próxima eleição.

Bom e como as empresas podem usufruir disso? É só trocar os manifestantes por clientes insatisfeitos e a Dilma pelo presidente da empresa. Não é uma mensagem publicitária que irá resolver o problema das manifestações, mas a realização daquilo que o povo paga de impostos, a devolução de um resultado bom, que pode melhorar e não de uma inércia sem igual.

Faça, mostre e avalie. Democracia se faz em todos os lugares, o difícil é transformar a democracia em "poder". Faça marketing político com responsabilidade e execute com maestria e sem desperdícios.

Abs,

Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
http://br.linkedin.com/in/jonylan

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