Diversificação | Celular vira "crédito" e ajuda na expansão bancária do sistema financeiro
Cenário | Três em cada três brasileiros têm telefone celular, mas só dois têm conta no banco. Ou seja, há uma demanda não atendida de 33% da população, como torná-los clientes?
Diante desse quadro, as instituições financeiras se renderam ao fato de que a bancarização, pelo menos da forma como foi concebida (exigindo emprego e endereço fixos, comprovação de renda e fiador, entre outros), chegou ao limite após incluir mais de 17 milhões de pessoas no sistema financeiro entre 2006 e 2011. À época, os brasileiros com conta em banco somavam 54 milhões, segundo a Febraban.
A nova fronteira da expansão bancária passa por tornar um público estimado entre 30 milhões e 40 milhões de pessoas, adeptas do celular (e da cultura do) pré-pago, em usuário do dinheiro eletrônico.
É um público que não vê vantagem em abrir conta no banco e pagar tarifa mensal e dificilmente vai ter cheque ou cartão de crédito.
"Muitos tiveram uma experiência anterior malsucedida, compraram um título de capitalização e receberam menos do que pagaram, ficaram com a impressão de que sempre tem pegadinha no banco e nas letras miúdas dos contratos", disse Mario Mattos, da consultoria Plano CDE, especializada em baixa renda.
A vantagem do celular é não carregar grandes quantias na carteira, ter a comodidade de pagar por débito e de fazer saques nos caixas eletrônicos mesmo sem ter conta ou vínculo com um banco.
Da mesma forma que carrega o celular com minutos de conversação, a pessoa "deposita" R$ 100, R$ 200, R$ 1.000 no aparelho para gastar como quiser.
CELULAR COMUM
Erra quem pensa que isso depende de a maioria da população aderir aos smartphones e aos celulares de última geração ligados à internet.
Os bancos adaptaram essa comodidade aos celulares mais antigos, muitos deles sem browser ou acesso à rede, mas que podem emitir SMS (o popular "torpedo").
A Cielo e a Redecard, as duas maiores empresas de cartão, já têm dispositivos com a função pagamento por celular. No caso da Cielo, o comprador fornece o número do aparelho ao caixa, recebe uma espécie de SMS criptografado, e aprova a compra por meio de uma senha.
O Bradesco já adaptou os caixas eletrônicos a fazerem transações como saque sem cartão, em que o usuário fornece o número do celular e recebe um SMS para aprovar a operação.
O banco fez parceria com a Claro e pretende lançar o produto no segundo semestre.
O Banco do Brasil tem parceria semelhante com a Oi e o Itaú, com a TIM.
Pesquisa de Marketing
O BB fez uma pesquisa com 1 milhão de clientes que mais sacam dinheiro nos caixas eletrônicos para entender por que precisavam de tanto cash. Descobriu que a maioria tinha necessidade do dinheiro em espécie para remunerar funcionários não-bancarizados, como diaristas e jardineiros, além da mesada dos filhos e do dinheiro para pequenas compras em feiras, que não aceitam cartão.
"Esse cliente era excluído pela nossa incapacidade de analisar seu comportamento", disse Márcio Parizotto, diretor de novos meios da Bradesco Cartões.
"O pré-pago é a solução que combinou de maneira fantástica com essa necessidade", disse Raul Moreira, diretor de cartões do BB.
É simples, o cartão de crédito possui números e faz pagamentos para posterior cobrança, o celular tem números e vários aplicativos já indexam pelo número do celular, agora é só torná-lo cambiável.
Abs,
Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
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Fonte: Folha de São Paulo