Estratégia | Jequiti "instala" cartão de crédito direto para vendas no porta a porta
Companhia de venda direta de cosméticos fez um piloto com nova forma de pagamento in loco.
Para inovar no tradicional negócio de venda porta a porta vale até bancarizar as vendedoras. É esta a proposta da Jequiti, empresa do grupo Silvio Santos que desde 2006 atua na área de cosméticos. A ideia, já em teste, é que as vendas porta a porta sejam pagas também com cartão de crédito.
A Jequiti está fazendo um projeto-piloto com 5 mil vendedoras no Sul do país para que elas possam aceitar dinheiro de plástico. "Já demoramos muito", diz Lásaro do Carmo Jr., presidente da companhia.
"Somos a primeira do mercado a oferecer a possibilidade de a consultora pagar suas encomendas com cartão de crédito e em breve, também receber o pagamento das clientes com o mesmo meio."
Carmo afirma que é um processo lento, já que não há cultura do pagamento com cartão e que a empresa vem testando modelos. Inicialmente, as vendedoras do Sul receberam a máquina tradicional do plástico, a mesma usada no varejo, mas não deu certo.
"Desenvolvemos em parceria com a Cielo um equipamento que fala com a vendedora, orientando em como passar o cartão de crédito", explica, ressaltando que está máquina também não sofre com a falta de sinal.
Empreendimento
A ideia é que a empresa passe a tratar cada vendedora como uma pequena loja, e para isso, ela terá de ter conta no banco. Mas a empresa promete algumas vantagens. "A meta é que nos produtos vendidos no cartão haja a opção de recebimento à vista, com uma pequena taxa, ou em até 21 dias. Além disso, elas terão a opção de oferecer pagamento a prazo às suas clientes", explica.
A modalidade deve começar a se expandir para as 190 mil vendedoras da Jequiti no próximo ano. Por enquanto, as vendedoras já podem pagar suas encomendas no plástico, em até três vezes.
De acordo com Carmo, o objetivo da companhia é reduzir a inadimplência de pagamento das vendedoras e também a inadimplência da companhia. O executivo não revela o valor, por conta do due dilligence - processo de avaliação da empresa para sua venda -, mas diz que, segundo dados do mercado, o calote na venda direta é de 2% a 3%.
A Jequiti atua em todo o território nacional com um portfólio de produtos composto por 700 itens que são atualizados a cada 21 dias com novos lançamentos. Os boatos de venda da empresa começaram na época do escândalo do Panamericano.
A venda da companhia ajudaria o Grupo Silvio Santos a conseguir maior estabilidade financeira. No entanto, Silvio Santos optou por vender a rede de varejo Baú da Felicidade.
O presidente da empresa não confirma quem é o pretendente a comprá-la. No entanto, informações dão conta de que a Jequiti - hoje a principal noiva da indústria cosmética - já entrou em negociações com a americana Coty e com a francesa L'oreal. Hoje, a Coty estaria mais próxima da aquisição.
Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Fonte: Brasileconômico