Marketing | Estrela, Mattel e Gulliver encaram novo perfil infantil
Isabelle Lavin, da Gulliver: novo portfólio de brinquedos deve render crescimento de 10%
Fabricantes lançam mão de tecnologia, inovam portfólio e reforçam parcerias para atender consumidor dos novos tempos.
O diálogo entre mãe e filha numa loja de brinquedos revela o novo perfil do consumidor infantil: "Você nunca escolhe uma blusa só, por isso vamos demorar bastante por aqui. Quero escolher muito bem o que levar", esbravejava a menina do alto de seus sete anos.
Atenta à necessidade de evoluir para atender essa criança que já não se satisfaz mais com qualquer brinquedo, a indústria brasileira - que atravessa um período em que predomina o aumento das importações e a perda de competitividade - tem seguido caminhos diferentes para se manter num mercado cuja brincadeira está apenas no nome. O setor deve movimentar R$ 3,8 bilhões neste ano.
É o caso da Estrela, que aposta na tecnologia para atrair o público infantil. Carlos Tlikian, presidente da companhia, prevê crescimento de 15% no faturamento neste ano por conta dessa estratégia. Nesse caminho, a Estrela que completa 75 anos em 2012, lançou a versão online do tradicional jogo de tabuleiro Banco Imobiliário.
A promessa é de mais cinco lançamentos do mesmo tipo até o final do ano, todos em parceria com a Apple Store.
"Essa é uma nova divisão de negócios, um projeto que complementa a atividade básica, além de trazer os adultos para a nossa lista de clientes", ressalta. "Precisamos nos adaptar à nova infância, mas sem deixar os produtos tradicionais para trás, porque toda criança gosta de brincar, não importa como".
Parcerias no foco
Segundo Ricardo Ibarra, presidente da Mattel do Brasil, a estratégia escolhida pela companhia também está nas parcerias. Uma saída para aumentar o índice de produção nacional, que atualmente é de 50%.
Ibarra garante que a empresa vai fechar mais um acordo até o final do ano. Sem revelar detalhes, o executivo apenas disse que o negócio será com uma companhia nacional da área de brinquedos.
Apesar de parecer uma constatação óbvia, é importante ressaltar que os brinquedos representam cerca de 50% do faturamento da Mattel e a outra metade vem de produtos como roupas, calçados, produtos de higiene e alimentos, resultados de parcerias com C&A, Grendene, Avon e Kraft.
No começo deste ano a Mattel anunciou ainda a Grow como fornecedora nacional de cartas e quebra-cabeças, até então importados da Ásia. "Além de manter as peças clássicas, trabalhamos para desenvolver produtos mais tecnológicos que atendem o novo perfil das crianças", ressalta Ibarra.
A Mattel mantém um centro de desenvolvimento global em Los Angeles (EUA), mas cerca de metade dos produtos fabricados pela companhia no Brasil é desenvolvido aqui no país.
A Barbie ainda é o carro-chefe da empresa e enquanto a Mattel investe para modernizar a boneca mais famosa do mundo e agradar as meninas, a Gulliver, empresa de São Caetano do Sul, vai na contramão e se volta para o público masculino, ou melhor, para os meninos de zero a 12 anos.
Meninos no alvo
Isabelle Lavin, diretora de Marketing da Gulliver e filha do fundador da empresa, explica que meninos são mais volúveis. "Eles se apegam menos aos brinquedos e não são tão cuidadosos, por isso tendem a comprar mais", afirma.
Mesmo sem desprezar as meninas, a Gulliver vai reforçar a linha excluvisa direcionada aos meninos. Com a ampliação do portfólio no segundo semestre, a companhia tem a esperança de fechar o ano com crescimento de 10%. A fábrica da Gulliver no ABC Paulista também passará por uma reforma, mas a executiva não revelou o montante que será investido na expansão.
A Gulliver já foi uma empresa com mais relevância no mercado nacional. Em meados de 2008, além de sentir os reflexos da crise financeira, a companhia perdeu importantes parceiros, como o contrato com a Marvel, que representava a venda de bonecos de super-heróis.
"Nosso faturamento chegou a cair pela metade, mas agora estamos perto de nos recuperar", afirma Isabelle, que conta que as importações da empresa já chegaram a representar 70% do volume total e agora respondem por 30%.
Atualmente a empresa aposta no licenciamento de produtos da Turma da Mônica, Bananas de Pijamas e no times de futebol. Uma aposta promissora para crescer.
Abs,
Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Fonte: BrasilEconômico