Expansão estratégica | Amazon.com inicia vendas no Brasil em 1º de setembro
Sua empresa ainda encara a internet com descaso? Já passou da hora de rever os seus conceitos.
Jeff Bezos, presidente da Amazon, vai começar operação com produtos que podem ser transportados pelos Correios. Essa estratégia pode dar à Amazon, uma vantagem competitiva e uma curva de aprendizado que vai deixar os sites da B2W realmente ocupados em combater uma concorrência de peso.
Maior varejista de e-commerce do mundo terá centro de distribuição. Meta é vender 6 milhões de itens até 2013.
A Amazon cravou uma data para começar sua operação de comércio eletrônico no Brasil: 1º de setembro, de acordo com documento ao qual o Brasil Econômico teve acesso.
Enquanto procura um centro de distribuição no estado de São Paulo, a varejista americana faz planos para sua primeira fase de vendas no país. Por enquanto, nada de móveis ou televisores de LCD, disponíveis em sua Amazon.com.
Por aqui, apenas objetos de pequeno porte estarão ao alcance dos internautas como aparelhos Kindle, CDs, DVDs, livros, vídeo-games e softwares.
De setembro a dezembro deste ano, a previsão é vender aos brasileiros 1,1 milhão destes produtos. Em 2013, a estimativa é de chegar a 4,8 milhões de itens.
"Mas nada impede que a Amazon passe a comercializar mercadorias de maior porte a partir do ano que vem. Tudo vai depender do resultado alcançado nestes três primeiros meses", diz um executivo ligado à companhia.
Segundo ele, faz todo o sentido a Amazon começar com um centro de distribuição em São Paulo. A B2W, dona da Amercianas.com, Submarino e Shoptime, vende para o Brasil inteiro, mas o estado paulista é o coração de seu comércio virtual. "São Paulo representa metade das vendas da B2W", diz Renato Prado, analista de varejo da Fator Corretora.
A chegada da Amazon, apelidada por analistas estrangeiros de Walmart do comércio eletrônico, deve impor mudanças ao mercado brasileiro, responsável por R$ 18,7 bilhões em vendas no ano passado. A situação da líder B2W, por exemplo, pode se complicar ainda mais. Mesmo com pesados investimentos em logística, a varejista brasileira acumula problemas.
Recentemente, o Procon-SP determinou que a companhia deixasse de operar no estado de São Paulo por três dias devido ao aumento do número de reclamações dos consumidores. Fato semelhante aconteceu em 2011, no Rio de Janeiro, quando a companhia passou a ser investigada pelo Ministério Público do estado, também por problemas com clientes.
O resultado destes tropeços foi um prejuízo de R$ 89,2 milhões em 2011, quando o mercado cresceu nada menos que 26%.
Mesmo com crescimento imponente, o total vendido na internet pelas empresas que atuam no Brasil não faz nem cócegas à Amazon, com experiência de 17 anos e receita de US$ 48,8 bilhões no ano passado.
No entanto, este currículo não significa sucesso garantido no Brasil, que reserva uma série de desafios. Um deles diz respeito a forma de pagamento dos clientes. Nos Estados Unidos, os consumidores pagam suas compras à vista no cartão de crédito e quem precisa de financiamento para comprar um produto recorre diretamente à operadora de cartão.
No Brasil, a varejista terá de financiar diretamente seus clientes com pagamento parcelado.
"Para isso vai ter de negociar muito bem com as operadoras de cartão de crédito", diz João Pissutto, consultor de varejo da IBM. No caso de parcelamento com cobrança de juros, a companhia também precisará aprender gerenciar diferentes preços para um mesmo item. "Algo que ela não está acostumada a fazer", afirma o especialista.
E não é só isso. Ainda existem as dificuldades de logística e a complexa tributação brasileira. "Achar um bom parceiro logístico será fundamental para a operação da Amazon", afirma Pissutto.
Antes disso, porém, a companhia terá a chance de sentir o mercado, dependendo somente dos Correios, já que os produtos comercializados na primeira fase de operação serão de pequeno porte.
Abs,
Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Fonte: BrasilEconômico