M&A | Falta de sucessão familiar decide venda da Yoki por até R$ 2,1 bilhões
Já pensou em sucessão familiar? Não? Acha besteira? Saiba que há como profissionalizar a sucessão familiar! Seu sócio morreu? Já pensou se ele sair da empresa? A falta de um sucessor para a companhia, segundo fontes próximas à família, teria motivado decisão pela venda.
Mais uma empresa de alimentos está à venda no Brasil: a Yoki, conhecida por sua pipoca de micro-ondas e sua linha de cereais. O valor do negócio, segundo fontes próximas à família, pode variar de R$ 1,5 bilhão a R$ 2,1 bilhões. As negociações estariam em estágio avançado.
Só neste ano, já foram vendidas pelo menos quatro companhias de grande porte no segmento de alimentos: a Etti, da Hypermarcas (para a Bunge, por R$ 180 milhões, na semana passada), a Quero (para a Heinz, em março, por R$ 1 bilhão), a Mabel (pela PepsiCo, por estimados R$ 800 milhões) e a Coqueiro (pela Camil, em outubro, por valor não divulgado). A paulista Marilan, de biscoitos, também deve fechar negócio em breve, dizem fontes do mercado.
Fundada por imigrantes japoneses, a Yoki é um negócio familiar que faturou R$ 1,1 bilhão em 2010 e que agora passa por situação semelhante a de algumas das empresas vendidas este ano: a companhia não tem sucessores aptos a dar continuidade à sua trajetória.
A Yoki é sucessora da Kitano, fundada em 1960, por Yoshizo Kitano, que começou a empresa vendendo cereais, farináceos e especiarias a granel. Yoshizo foi o primeiro a vender cereais já embalados em sacos plásticos e isso impulsionou o crescimento da companhia, comprada em 1989 pela Refinações de Milho Brasil. Seis meses depois, o empresário abriu a Yoki (nome formado com as iniciais de seu nome).
O atual presidente da Yoki é Gabriel Cherubini, ex-executivo da Unilever e casado com Yeda Kitano Cherubini, filha de Yoshizo. Ele divide o controle da empresa com Zilo Matsunaga, diretor administrativo financeiro e concunhado de Cherubini. "O problema é que eles nunca se deram bem e os dois formaram facções diferentes dentro da empresa. Não há como fazer sucessão com uma parte querendo passar a perna na outra", disse uma pessoa próxima do fundador. "Como o momento é promissor para a venda, eles decidiram negociar a empresa", diz outra fonte.
Entre as interessadas na Yoki estariam a Camil, a Bunge (leia entrevista acima) e a americana de temperos McCormick. A Camil nega o interesse, a McCormick não atendeu à reportagem.
A Yoki, que oficialmente não comentou a venda da companhia, tem nove fábricas em São Paulo, Mato Grosso, Minas Gerais, Paraná, Pernambuco e Rio Grande do Sul. "Não posso falar sobre a transação", disse um executivo da fabricante que produz 610 itens diferentes, de salgadinhos a sucos prontos.
"É natural que multinacionais se interessem por empresas brasileiras com esse perfil", diz João Carlos Lazzarini, professor do Programa de Administração do Varejo da Fundação Instituto de Administração. "O surgimento da nova classe média, com seus 35 milhões de consumidores, é o catalisador desses novos negócios no País", diz ele.
As multinacionais também são atraídas pelo potencial de desenvolvimento do mercado nacional de alimentos. "Só nos últimos cinco anos, o sortimento de produtos no varejo alimentar cresceu de 10% a 12%", diz Lazzarini. "As empresas familiares não têm como competir com as multinacionais, a não ser que façam uma grande alavancagem, por meio de um investidor ou abrindo capital. Para muitas famílias, é mais fácil vender."
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Abs,
Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Fonte: O Estado de S. Paulo