Consumo de alto luxo | Capital mineira é uma das cidades que controlam 70% da riqueza da América Latina

terça-feira, fevereiro 22, 2011 Jony Lan 0 Comments

Pensando em vender para a Classe C? Está perdendo as oportuniades da Classe AAA.

Enquanto alguns estão preocupados com a inflação e em fechar o mês sem abusar do cheque especial e do cartão de crédito, uma pequena parcela da população de Belo Horizonte - uma das dez cidades que controlam 70% da riqueza da América Latina, de acordo com o ranking da City Mayor Statistics - tem saldo bancário suficiente para comprar uma cobertura de R$ 6 milhões, um carro de R$ 800 mil, gastar R$ 20 mil numa única noitada e comprar outros "mimos" que são pagos, na sua maioria, à vista.

São pessoas com renda de R$ 50 mil a R$ 300 mil por mês que podem comprar, por exemplo, uma cobertura no bairro Belvedere, zona Sul da capital, com cinco quartos, oito vagas de garagem e muito granito e mármore no acabamento. "Esse pessoal costuma pagar à vista", informou o diretor da Prolar Netimóveis, Vinicius Araújo, que tem ainda uma casa de R$ 5 milhões no Mangabeiras e outra cobertura de R$ 3,5 milhões no Sion. "Não são imóveis de esperar muito, vendem em oito meses", conta, sobre os clientes empresários e grandes executivos.

Da casa para o carro, o superintendente da Minasmáquinas em Belo Horizonte, Rodrigo Salgado Gama, entregou, há pouco tempo, o Mercedes-Benz CL 65 V12 AMG de R$ 800 mil ao novo cliente que esperou seis meses pela máquina exclusiva. "O comprador pediu o desbloqueio da velocidade máxima de 300 km/h e pagou R$ 15 mil a mais por isso", contou. Outros quatro endinheirados vão receber, neste ano, o modelo SLS 63 AMG, com porta asa de gaivota, e vão pagar R$ 650 mil por cada um. "A linha AMG é uma divisão da Mercedes-Benz de superesportivos que são os mais caros", disse Rodrigo. O diretor da Audi Carbel em Belo Horizonte, Pedro Pentagna, disse que vai entregar a primeira encomenda do R8 Spyder, lançado no fim do ano passado, em abril ou maio, na cor prata. O preço: R$ 775 mil. "É um carro feito de forma artesanal", explicou ele, que espera vender quatro unidades em 2011. Outro que já foi entregue, o Audi A8, custa R$ 550 mil.

Com uma dessas máquinas dá para parar no Café de la Musique, no bairro Lourdes, com a autoestima em alta. "A gente já fechou contas de R$ 6.000, R$ 10 mil e até R$ 20 mil", contou uma das proprietárias, a arquiteta Laura Mota, 28. Ela contou que os fregueses são os bem-sucedidos que têm dinheiro para gastar e não estão casados. "É uma casa com iluminação mais clara, chamada de dinning club, onde as pessoas vão para verem e serem vistas", explicou a proposta do espaço, onde um homem não gasta menos de R$ 220 e a mulher, R$ 120.

Nessa vida de renda admirável, o figurino também é tudo. A gerente geral da M&Guia, Lelete dos Mares Guia Farkasvolgyi, com maison em Lourdes, sabe que a clientela dela gosta mais da grife italiana Dolce & Gabbana. A M&Guia é a única representante da marca no Brasil. "A cada semestre, recebo de 180 a 200 peças de Dolce. São vestidos de baile de R$ 12 mil a R$ 18 mil. Um vestido de coquetel, no joelho, custa entre R$ 4.500 a R$ 9.000", contou Lelete, que tem 2.000 clientes, número que sobe a cada mês. O vestido mais caro, Lelete vendeu há poucos dias, um longo de paetês dourados por R$ 42 mil, da grife francesa Balmain. "Não adianta comprar modinha de R$ 300, que a cliente não leva", explicou.

Com tanta luz, só mesmo indo ao Ouro Minas Palace Hotel para usufruir do requinte da suíte presidencial real. A diária do espaço de 300 metros quadrados, com dois quartos, cozinha e piscina aquecida, custa R$ 4.500. "A suíte já recebeu hóspedes vips como presidentes de grandes empresas, o ex-presidente Lula e até Fidel Castro", lembra a analista de marketing Marina Nassau, que citou também Xuxa e os cantores Rita Lee, Caetano Veloso e Alanis Morissette, dentre as celebridades.

Outra escolha, por R$ 790 para até quatro pessoas, pode ser a suíte do motel Le Monde, num pernoite de fim de semana. É muito procurada para aniversários, festas, chás de lingerie e despedidas de solteiro. A concorrente é a suíte árabe do motel Dallas, que custa R$ 630 para o casal, numa pernoite de fim de semana.

Todos esses gastos extraordinários podem ser brindados com champagne Cristal, por R$ 4.650, a garrafa, no Café de la Musique, ou com a garrafa do vinho Château Cheval Blanc safra de 1995 - Premier Grand Cru Classe, de R$ 5.500, à venda na Enoteca Decanter. "Eles compram quando vão fechar um negócio de milhões. Do contexto, o vinho é só um detalhe", citou o sommelier da Enoteca, Nelton Fagundes.

Abs,

Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com

Fonte: O Tempo

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