Estratégia para crescer | Walmart reestrutura operação no Brasil
Não adianta ficar parado. Uma das maiores empresas do mundo sabe que para continuar crescendo nesse cenário em que o comportamento humano e as tendências apontam sempre para algo novo, ficar fazendo a mesma coisa o tempo todo é marcar passos no mercado.
As mudanças envolvem a reformulação na política de preços e descontos e questões operacionais como a gestão da folha de pagamento e o modelo de contabilidade. Mas ocorrerão alterações mais profundas. O sistema de software de gestão SAP, por exemplo, deve começar a funcionar no início de 2011 nas lojas de todo o País, o que vai ajudar a empresa a planejar, monitorar e rastrear as mercadorias em toda a cadeia. Até hoje, isso é feito regionalmente.
Doug McMillon, presidente das operações internacionais da companhia, disse na manhã de ontem (13/10), em encontro com investidores, que o Walmart decidiu fazer uma "reengenharia" nos negócios do Brasil, para simplificar as operações. O executivo afirmou que haverá uma "pressão de curto prazo" devido à mudanças, como a alteração no modelo de compras.
Nos últimos meses, esses ajustes veem sendo implementados pelo Walmart e em meio a eles Hector Núñez, até então presidente da rede no País, foi afastado do cargo para liderar a operação da cadeia no sul dos EUA (Flórida e Porto Rico).
A saída do executivo foi interpretada como reflexo da perda de rentabilidade da operação, algo não tolerado pela matriz americana.
Em fevereiro de 2008, quando Núñez entrou na empresa, uma de suas principais missões era fazer a integração das três operações do Walmart no Brasil. Elas estavam divididas geograficamente no Nordeste, Sudeste e Sul e ficaram dessa forma até os últimos meses de 2009, quando Núñez deu sinais de que faria as primeiras mudanças.
No entanto, o ritmo foi lento, devido à falta de agilidade na tomada de decisões da própria matriz (tudo precisa ser aprovado na sede) e à resistências internas. "Quando Héctor entrou, tudo estava dando resultado, mesmo com operações sem sinergia nenhuma. Começar a mexer era mesmo uma decisão difícil. Todo mundo sabia que haveria perdas, mas a cobrança não iria diminuir", disse ao Valor um consultor que prestou serviços à rede em 2009.
Agora, a companhia implementa as alterações necessárias, sob o comando do novo presidente Marcos Samaha. Além disso, desde maio, a empresa opera um centro de serviços compartilhados para gerir questões como contas a pagar e folha de pagamentos das lojas em todo o Brasil. Antes, funcionava regionalmente. Outra alteração importante foi feita em abril. Foram eliminados três cargos de vice-presidente comercial em cada uma das regiões. No lugar, foram criados os cargos de vice-presidente de hipermercados e vice-presidente de supermercados para todo o país.
Ontem, nos EUA, o comando da rede informou que pretende crescer com aquisições estratégicas em mercados grandes e de crescimento acelerado. Segundo Doug McMillon, a companhia precisa de mais escala no Japão e gostaria de aumentar sua presença na Argentina, Chile e Brasil.
Resultado disso? Decisão acertada, para continuar crescendo, ficar parado é que não dá. A estratégia do Walmart será de aquisições para fazer o faturamento crescer mais rapidamente. No geral, em mercados em que a margem é pequena, quanto maior o faturamento, maior os lucros. Quer aumentar os seus lucros, vamos falar.
Abs,
Jony Lan
Consultor em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Fonte: Valor Econômico