Registro de marcas e patentes, um problema estratégico - case Cachaça Havana
Qual o problema de registrar uma marca? Muitas empresas acham que o preço é um limitador, outros empresários se preocupam em vender e dizem que sempre ganharam dinheiro sem fazer marketing. Quando esses empresários, comerciantes, profissionais liberais e empresas em geral percebem que o seu sucesso está registrado no nome de outra pessoa, passam a enfrentar uma crise de identidade que poderia ter sido evitada, lá no início de suas atividades ou no lançamento de um novo produto. Aí as empresas descobrem que deveriam ter ouvido alguém que lhes disse, por que você não registra a sua marca?
São oportunidades e "necessidades estratégicas" como essas que separam empreendedores de empreendedores e só dão valor quando estão no sucesso e percebem que a falha do passado prejudicou o futuro.
É por isso que um dos grandes ativos de uma empresa é a marca que identifica seus produtos e serviços. É preciso proteger esse bem. Para evitar problemas judiciais, o registro deve acontecer assim que o negócio é iniciado. Mas nem sempre quem abre um novo negócio se preocupa com o registro no Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi). "Ao perceberem que as marcas que escolheram para colocar em seus empreendimentos estão livres para o uso, muitos empresários acabam relaxando e deixando em segundo plano o registro das mesmas", conta o agente da propriedade industrial, Maurício Ramos. O trabalho dele é orientar e acompanhar registros não só das marcas das empresas, como de patentes de produtos.
Acontece que, enquanto se preocupam apenas em investir no lançamento e consolidação da marca no mercado, quase 300 novos pedidos de registro são feitos por dia. Em média, 100 mil novos pedidos de registro por ano são analisados pelo Inpi.
Problemas com perda de tempo de renovação? "O instituto aceita provas como o registro anterior e até mesmo o contrato social para resolver esse tipo de questão", explica. Ramos diz que o processo é lento e custa cerca de R$ 1.500, mas é deixado de lado pela maioria dos empresários. "Estamos orientando os contadores a instruírem bem os seus clientes porque 99% dos clientes nos procuram quando descobrem que outra pessoa está usando a sua marca. Apenas 1% está abrindo o seu negócio".
Case: Cachaça Havana passou 4 anos se chamando Anísio Santiago
A cachaça mais famosa do Brasil perdeu, em 2001, o nome de batismo escolhido em 1945 pelo seu produtor Anísio Santiago. Processado pela fabricante do rum cubano Havana Club, detentora desde 1994 da marca no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (Inpi), a Havana, fabricada em Salinas, no Norte de Minas, trocou de nome e, no rótulo, passou a aparecer o nome do seu fabricante.
Em 2005, retomou o direito a voltar o nome “Havana”. A seu favor, na decisão da Justiça, contou a importância cultural do elixir. Na época, os produtores disseram que não houve resistência pelos consumidores, mas antes da divulgação completa do novo nome, a perda da marca causou queda de cerca de 40% na receita. Mas, em sites de leilão, garrafas com o rótulo antigo chegaram a ser vendidas por R$ 1.000, enquanto a mesma aguardente engarrafada com a marca Anísio Santiago era encontrada no mercado com preços entre R$ 150 e R$ 200.
Fica a lição da cachaça para as empresas, é melhor registrar o nome do que cair bêbado e acordar com outro nome.
Abs,
Jony Lan
Consultor em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Fonte: O Tempo