Nasce o segmento de Energético Popular tamanho família
Já está no de mercado de Belo Horizonte e outras capitais energéticos que têm tudo para cair no gosto popular, especialmente das classes C e D. O MSX, o Mamute e o Crazy Dog, dentre outros, estão nas prateleiras de bares e supermercados em garrafas PET individuais de 350 ml, por R$ 5, e tamanho "família", de dois litros, variando entre R$ 12 e R$ 20, em média - cerca de 40% mais barato que seus concorrentes.
A ideia de lançar um produto popular surgiu após uma pesquisa apontar que, apesar de o mercado de energéticos ter crescido 49% em 2009 no Brasil, os consumidores entre 18 e 35 anos, com renda entre três e dez salários mínimos, consideram a bebida um "artigo de luxo".
A promessa de popu-larização da bebida estimulante preocupa os médicos e nutricionistas, que há tempos alertam para o perigo que os energéticos representam para a saúde. Isso porque a bebida contém uma dose elevada de cafeína e, embora a embalagem traga o alerta de que ela não deve ser consumida com bebidas alcoólicas, na prática, isso é o que mais acontece.
A cafeína e a taurina, um aminoácido que atua como neurotransmissor, quando combinados com álcool elevam exageradamente o nível de excitação da pessoa e diminuem os efeitos do álcool no organismo. Com os reflexos alterados, a pessoa tem a falsa sensação de que não está bêbada.
"A legislação no Brasil é muito rigorosa e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) não autoriza excessos no produto, o problema é como as pessoas vão consumir. Oferecer energético em embalagem de dois litros é incentivar o abuso. E nós sabemos como as coisas funcionam: quando você abaixa o preço, aumenta o consumo", opina Carlos Alberto Nogueira, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia (Abran).
Segundo ele, o consumo de energéticos em doses moderadas já causa taquicardia e eleva a pressão arterial. "Se for consumido exageradamente, o energético pode gerar uma taquicardia importante em quem tiver predisposição. Também pode levar a uma crise hipertensiva e a uma privação de sono maior que a tolerável pelo organismo", explica.
Carlos Alberto Werupsky, médico nutrólogo e coordenador do departamento de atividade física e exercício da Abran, acha temerosa a popularização da bebida, como propõe a MSX com sua embalagem "tamanho família". "A proposta é de uma bebida que possa ser consumida de forma livre. Uma bebida em garrafa PET certamente vai atingir a criança num consumo familiar. É um hiperestímulo para uma criança porque, comparativamente, a massa muscular é muito menor. Isso pode significar uma redução do sono, pode aumentar a frequência cardíaca. Se existir um problema cardíaco prévio, a frequência induzida pela droga, pode trazer uma arritmia cardíaca", diz.
Convenção lança energético com foco nas classes D e E
Para atender à demanda das classes econômicas D e E, a fabricante de refrigerantes Convenção lança até o final do mês o energético MSX . A novidade do produto é a embalagem PET de dois litros, que a empresa vê como diferencial pois garante menor preço. "Esta é uma grande oportunidade de mercado, pois os energéticos são bebidas desejadas pelas classes D e E", afirma o diretor comercial da Convenção, Paulo Ferrari.
Segundo Ferrari, foi investido cerca de R$ 1 milhão na nova categoria, que vai contar também com a versão em lata de 350 ml. A produção inicial da bebida será de 750 mil litros mensais e há projeção de expansão para o ano que vem.
A empresa almeja abocanhar participação de 9% do mercado de energético brasileiro no período de pouco mais de um ano. Com a nova categoria, a Convenção espera um incremento em seu faturamento de 12%. "A nossa expectativa é de diminuir a concentração neste mercado, em que o Red Bull e a Coca-Cola detêm, somados, 70%", afirma o executivo.
O valor médio da nova bebida energética da Convenção será de R$ 5, para as embalagens de 350 ml, e de R$ 12, para as garrafas de dois litros. Segundo o diretor, além do preço acessível, outro diferencial do MSX é a embalagem. " A cor preta das embalagens PET é estratégia para chamar a atenção dos consumidores nas gôndolas" afirma.
Ferrari conta que o lançamento do energético faz parte do projeto de expansão da empresa, que, dentro de um ano, entrará também na categoria de sucos prontos.
A fabricante brasileira de refrigerantes tem 60 anos de atuação no País e conta com três plantas produtivas, sendo duas em São Paulo e uma no Rio de Janeiro.
A Convenção exporta cerca de 2% de sua produção a países da América Latina, ao leste dos Estados Unidos e também ao Japão. A projeção da empresa é elevar as exportações em 4% até 2011. O faturamento da companhia será de R$ 400 milhões este ano. Fundada em 1951, a Convenção possui fábrica nas cidades paulistas de Itu e de Caieiras.
Mercado
Segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Refrigerantes e de Bebidas não alcoólicas (Abir), o setor deve crescer cerca de 40% este ano, passando da produção de 60 milhões de litros no ano passado para aproximadamente 83 milhões de litros da bebida energética neste ano. De acordo com a entidade, o mercado de energéticos no Brasil faturou no ano passado cerca de R$ 556 milhões de reais.
Com o aumento das bebidas energéticas, o mercado será pulverizado e a tendência é que mais marcas apareçam no mercado, agora se vão conseguir "pagar" para ocuparem os espaços das prateleiras, essa será uma outra questão. Quem terá preferência serão as indústrias de bebidas já existentes, já para os novatos e aventureiros, muitas barreiras, principalmente a financeira.
Abs,
Jony Lan
Mestre e Consultor em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Fonte: O Tempo, DCI