Mercado de luxo | O ticket médio caiu 25%, mas 45% dos clientes não são da classe A
O mercado de luxo no Brasil passa por uma transformação. Com a crise, o segmento apresenta uma outra característica.
A classe A gastou menos em compras em 2009. É o que diz a pesquisa "O mercado de Luxo no Brasil", da MCF Consultoria e Conhecimento, em parceria com a GFK do Brasil. No ano passado, o ticket médio de compra destes clientes diminuiu 25% em relação a 2008, caindo de R$ 3.454 para R$ 2.726. A explicação é a crise econômica mundial, que atingiu todas as categorias de consumidores.
Contudo, o resultado não é considerado tão negativo. "A crise evidentemente reduziu o valor do ticket médio, mas nada que gerasse uma preocupação exacerbada para os próximos anos. O Brasil foi um dos países que menos sentiram os efeitos da crise e, com certeza, haverá um ciclo de crescimento vigoroso novamente", diz Elaine Povoas, gerente da MCF Consultoria.
O otimismo se explica pelo crescimento do setor em 2009, que chegou a 4%, apesar de os clientes terem comprado menos. Para Luiz Augusto Ildefonso da Silva, diretor de relações institucionais da Associação Brasileira dos Lojistas em Shoppings (Alshop), o motivo é simples: uma nova camada da população atingiu níveis de renda maiores e passou a comprar artigos de luxo. "Eram clientes que apenas passavam pelas vitrines e que, agora, entram para comprar o produto diferenciado. Ele perdeu o medo de entrar e começou a desfrutar de todo o conforto e atendimento personalizado que antes não conhecia", explica. O argumento pode ser reforçado por mais um dado da pesquisa: 45% dos clientes de luxo têm renda de até R$ 10 mil, ou seja, não são classificados como classe A.
E, de acordo com a pesquisa, a projeção para 2010 é conquistar cada vez mais clientes e crescer 22% no faturamento, alcançando o montante de R$ 13,66 bilhões. O superintendente do BH Shopping, Durleno Rezende, confirma o otimismo. O centro comercial vai inaugurar em setembro mais um piso com 81 novas lojas, a maioria voltada para o consumo de luxo, incluindo grifes importadas. "A nossa proposta é oferecer um mix ainda mais elaborado para a crescente demanda dos consumidores das classes A e B", afirma Rezende.
No exterior, classe A gosta de "pechincha"
A pesquisa da MCF Consultoria mostrou, também, que os consumidores de classe A buscam o menor preço fora do Brasil: 53% dos empresários responderam que têm lojas no exterior, e 39% de seus clientes já realizaram compras da marca fora do país.
O preço mais baixo foi considerado o principal motivador para as compras no exterior de acordo com 65% dos entrevistados. Outros 27% buscam variedade.
Um efeito em menor proporção pode ser visto na rua 25 de Março, um monte de gente "com dinheiro" que adora comprar no meio da "muvuca". É o Brasil se adaptando à nova realidade do brasileiro, com dinheiro e querendo comprar. Isso abre oportunidades enormes: em uma proporção diferente, a TAM já está realizando, vendendo viagens de avião para quem ainda nunca viajou de avião.
Abs,
Jony Lan
Mestre e Consultor em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Fonte: O Tempo