Novos Negócios: 'Vai Voando' permite Classes C e D parcelar passagens aéreas em 12 vezes
O crescimento econômico das classes C e D no Brasil tem chamado a atenção de diferentes nichos do mercado que observam nelas uma oportunidade de expansão de negócios. Agora é a vez do setor da aviação. Com o objetivo de fisgar parte dos 30 milhões de clientes que utilizam o ônibus como meio de transporte em suas viagens, a Vai Voando, empresa paulista, criou um sistema que possibilita vendas pré-pagas de passagens aéreas focadas nesses consumidores com renda familiar de 768 a R$ 4.600.
No programa, o cliente pode pagar sua passagem em até 12 vezes com parcela fixa, sem juros, por meio de boleto bancário ou carnê. A Vai Voando é integradas pelas companhias TAM, Webjet e Azul - a primeira, terceira e quarta maiores empresas aéreas do Brasil respectivamente.
De acordo o responsável pela Vai Voando, Ralph Fuchs, a ideia de se criar uma empresa especialmente para esse setor surgiu após uma pesquisa que divulgou que viagem a lazer é o terceiro item da intenção de compra desse público das classes C e D. "Observamos que esses consumidores gostam de viajar, mas possuiam dificuldade de créditos. Apenas resolvemos essa questão", afirma ele.
Segundo o empresário, essa prática, principalmente da utilização do carnê em compras de parcelas fixas, é muito comum entre as classes C e D. Para Fuchs, essa maneira de compra faz parte da cultura dessas classe e, por isso, a empresa decidiu apostar nesse segmento do mercado. "Esse consumidor viabiliza os seu sonhos pagando uma pequena parcela todo mês. É comum ele fazer isso em lojas de eletrodomésticos, por exemplo. Agora poderá fazer com as passagens aéreas", acredita.
Para Fuchs, o preço não é a maior barreira para a entrada da classe C e D no setor aéreo e, sim, as condições de pagamento e fatores psicológicos. Ele explica que hoje, a maioria das compras de passagens é feita pela internet e paga no cartão de crédito, o que gera na população com renda mais baixa um certo receio. "Muitos têm cartão, mas não o limite disponível ou até mesmo preferem não usar o produto por receio de se endividar", acredita.
Para Fuchs, existe também uma crença entre os consumidores de baixa renda de que a passagem aérea é um produto fora do seu padrão de renda, uma realidade pertencente apenas às classe mais altas. "Às vezes a passagem de ônibus está até mais cara do que a do avião e o consumidor nem sequer pesquisa ou fica sabendo dos valores", exemplifica o empresário.
Mercado pode ser aberto para europeus
O Brasil abrirá seu mercado de aviação doméstica para empresas provenientes da União Europeia que queiram explorar rotas que não estão em operação pelas companhias domésticas. Esse foi um dos acordos fechados hoje em Brasília com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso.
Além da aviação civil, também foi fechado acordo na área de bionergia, não só entre Brasil e União Europeia, mas envolvendo também Moçambique.
"O acordo proporciona a mais companhias aéreas voarem para o Brasil", disse Barroso. A comissão que tratou da assinatura dos contratos, no entanto, não apresentou nenhum detalhe sobre os mesmos.
A grande questão agora é, com facilidade na compra de passagens aéreas e consequentemente o aumento de demanda, será que aeroportos construídos na década de 70' irão suportar toda essa necessidade que o brasileiro está tendo em viajar? Será que não falta um pouco de estrutura da Infraero para aguentar esse novo cenário na aviação brasileira? Vamos viver outro apagão aéreo antes da Copa de 2014? Pelo visto o Brasil está em um impasse, ou investe na estrutura do transporte, seja ele aéreo, marítimo, ferroviário e rodoviário, ou amargará erros estratégicos investindo em dois pólos, o rodoviário (malha rodoviária precária) e no aéreo (aeroportos mal dimensionados). Enquanto o Brasil exporta minério de ferro para a construção de infra-estrutura na China (com seus aeroportos enormes, malha ferroviária de trens de alta velocidade e estradas suntuosas), o nosso país irá se implodir com a falta de estrutura até para escoar a nossa produção. Nesse ritmo, não haverá outra alternativa senão o Governo liberar concessões estatais para o mundo corporativo das grandes empresas. O próximo passo será, aeroportos controlados por iniciativas privadas.
Abs,
Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Fonte: O Tempo