Comportamento: sexualidade mineira e o novo "viagra feminino"
No ano em que a pílula anticoncepcional completa 50 anos, uma nova revolução sexual feminina promete chegar às farmácias de todo o mundo. Chamada de "Viagra" feminino, a droga flibanserina foi desenvolvida pelo laboratório alemão Boehringer Ingelheim e será analisada, no próximo mês, pelo órgão governamental norte-americano que regulamenta a comercialização de alimentos e medicamentos (FDA). Especialistas brasileiros acreditam que, até o final deste ano, o medicamento estará circulando no país, onde 51% das mulheres sofrem com disfunção sexual.
Assim como o Viagra masculino, que originalmente foi produzido para tratar doenças do coração, o estimulante cor de rosa também surgiu por acaso. Projetado para ser um antidepressivo, teve como efeito colateral o aumento de libido nas mulheres. Testes já foram realizados com mais de 5.000 mulheres dos EUA, Canadá e países na Europa. O resultado foi aumento do desejo sexual e da frequência das relações, além de melhor satisfação no sexo.
Revolução também é o nome que o sexólogo Gérson Lopes, coordenador do Departamento de Medicina Sexual do Hospital Mater Dei, dá ao novo remédio. "Esse medicamento é uma grande esperança para o problema de disfunção sexual nas mulheres. Está movimentando o mundo todo", destaca. Segundo ele, a droga age no cérebro, aumentando o desejo. "A disfunção é quando mecanismos de inibição superam os de excitação. O que a flibanserina faz é equilibrar a balança", explica. O especialista lembra, ainda, que o medicamento é recomendado para as mulheres que sofrem com baixa de libido, não sendo adequado para as que querem "turbinar" o desejo.
A psiquiatra e coordenadora do Projeto Sexualidade (ProSex) do Hospital das Clínicas de São Paulo, Carmita Abdo, também tem boas expectativas sobre o novo "Viagra". "É um medicamento que tem tudo a ver com a mulher contemporânea, pois ela deseja ter prazer no sexo e não somente ser uma parceira", destaca. Mas ela alerta que o remédio não é uma solução mágica. "Nos casos em que não existe mais amor, por exemplo, a droga não irá ajudar", diz.
Nos consultórios a disfunção é a principal queixa
A disfunção sexual é uma das principais queixas das mulheres no consultório, segundo a ginecologista e sexóloga Stany Rodrigues. Ela explica que em 80% dos casos, há questões psicológicas envolvidas, mas um problema acaba desencadeando outro. “A mulher pode acumular mais um tipo de disfunção, pois a falta de desejo, por exemplo, pode levar ao vaginismo e à dor na relação”.
O problema pode acontecer por diversos motivos, explica a psiquiatra Carmita Abdo. “A doença acomete pessoas de todo o mundo e está muito relacionada aos novos padrões sexuais e às exigências aos quais as mulheres são submetidas”, afirma a psiquiatra.
Segundo Carmita, existem cinco principais tipos de disfunção: falta de desejo sexual, ausência de excitação, dor na relação, dificuldade em obter orgasmo e vaginismo, que é a contração involuntária dos músculos da vagina. Todas essas situações dificultam ou impedem a relação sexual e trazem sofrimento para as mulheres. O diagnóstico deve ser verificado com um profissional, alerta a psiquiatra. “Não é porque a mulher deixa de ter desejo algumas vezes que ela tem disfunção”, diz.
Stany lembra que algumas mulheres recorrem a outros estimulantes, como o gel lubrificante, mas explica que esse tipo de produto atua no local e, não, no cérebro, como o “Viagra” feminino.
Jony Lan
Mestre em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Via: O Tempo