Playboy, o logotipo atrai mais que o conteúdo da revista
Longe vão os tempos em que a revista Playboy era reconhecida como uma leitura sofisticada e representativa de um estilo de vida. Agora que a empresa está à venda, será provavelmente o logótipo, e não a revista, que a poderá salvar.
A Playboy Enterprises está em negociações com pelo menos um possível interessado na empresa sedeada em Chicago. Mas o Iconix Brand Group, como potencial comprador, pode estar mais interessado no logótipo da empresa, do que propriamente nas fotografias que tornaram a revista famosa.
O Iconix Group quer o coelhinho com as orelhas em pé, mas quer um parceiro do mundo editorial para comprar a revista e outros conteúdos, segundo divulgou uma fonte familiarizada com as negociações.
A ideia faz sentido. A revista Playboy, com a sua linha de modelos e entrevistas com celebridades está já há muito tempo em declínio. As receitas de publicidade e a circulação estão a cair e os leitores acedem às duas atracções noutros lugares, principalmente de forma gratuita na Internet.
Ao mesmo tempo, o coelhinho marca uma época em que a Playboy era amplamente lida e estabeleceu a ideia do urbano sofisticado, que aprecia as coisas boas que existem na vida de solteiro descomprometido. Vários analistas e especialistas defendem que essa imagem de marca, devidamente implantada, promete muito dinheiro para o comprador certo. «Eles definitivamente não arruinaram a marca. Só que tem de ser trazida de volta para a imagem que já teve», considera Kelly O'Keefe, um especialista em branding na Virginia Commonwealth University. «Existe mais nesta marca do que apenas sexo», prossegue O'Keefe. «Existe sofisticação, estilo de vida e liberdade. E eles não têm realmente feito o que podiam para tirar proveito disso»
O Iconix Group, que detém e licencia marcas de roupa como Candies, Joe Boxer e Rocawear, é conhecido por explorar com sucesso marcas valiosas, que obtém de empresas muitas vezes em dificuldades. «Conhecendo Neil Cole [director executivo da Iconix Brands], vai definir um plano de jogo, encontrar alguns parceiros no retalho, dar à marca Playboy uma direcção e trazê-la de volta à vida», afirma Marshal Cohen, analista chefe do NPD Group. «Esta é uma marca que concedeu licenças em todos os tipos possíveis de produtos, sem qualquer controlo ou qualquer plano real a longo prazo», acrescenta Cohen.
Segundo Nick Gibbons, analista na empresa Gradient Analytics, 33 milhões de dólares poderia ser o preço justo para a marca. «Não soa astronómico e estaria ao alcance da Iconix», sublinha o responsável.
Mas o que vai acontecer com a revista Playboy? Para a sua edição de Janeiro/Fevereiro 2010, a Playboy reduziu a circulação garantida aos anunciantes, passando dos 2,6 para os 1,5 milhões. Esta é uma grande queda para uma publicação que afirmou possuir uma circulação superior a 7 milhões de exemplares em 1972 e ajudou a moldar a opinião da sociedade sobre a nudez, o sexo e a liberdade de expressão, mesmo que enfurecendo os defensores da dignidade da mulher.
No entanto, o que outrora era considerado controverso, hoje é muitas vezes considerado banal. Além disso, o fácil acesso a conteúdos na Internet tornou a revista menos desejável pelos leitores mais jovens. Por outro lado, as revistas com menos exposição das modelos, como a Maxim, e as revistas com uma exposição mais agressiva das modelos vieram também ocupar uma quota do mercado.
No final das contas, se a Playboy não se diversificar, vai pro "brejo", como as revistas que não mudam o seu foco e não se adaptam à melhor forma de explorar o que têm ou tinham de melhor, seus leitores.
Abs,
Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
A Playboy Enterprises está em negociações com pelo menos um possível interessado na empresa sedeada em Chicago. Mas o Iconix Brand Group, como potencial comprador, pode estar mais interessado no logótipo da empresa, do que propriamente nas fotografias que tornaram a revista famosa.
O Iconix Group quer o coelhinho com as orelhas em pé, mas quer um parceiro do mundo editorial para comprar a revista e outros conteúdos, segundo divulgou uma fonte familiarizada com as negociações.
A ideia faz sentido. A revista Playboy, com a sua linha de modelos e entrevistas com celebridades está já há muito tempo em declínio. As receitas de publicidade e a circulação estão a cair e os leitores acedem às duas atracções noutros lugares, principalmente de forma gratuita na Internet.
Ao mesmo tempo, o coelhinho marca uma época em que a Playboy era amplamente lida e estabeleceu a ideia do urbano sofisticado, que aprecia as coisas boas que existem na vida de solteiro descomprometido. Vários analistas e especialistas defendem que essa imagem de marca, devidamente implantada, promete muito dinheiro para o comprador certo. «Eles definitivamente não arruinaram a marca. Só que tem de ser trazida de volta para a imagem que já teve», considera Kelly O'Keefe, um especialista em branding na Virginia Commonwealth University. «Existe mais nesta marca do que apenas sexo», prossegue O'Keefe. «Existe sofisticação, estilo de vida e liberdade. E eles não têm realmente feito o que podiam para tirar proveito disso»
O Iconix Group, que detém e licencia marcas de roupa como Candies, Joe Boxer e Rocawear, é conhecido por explorar com sucesso marcas valiosas, que obtém de empresas muitas vezes em dificuldades. «Conhecendo Neil Cole [director executivo da Iconix Brands], vai definir um plano de jogo, encontrar alguns parceiros no retalho, dar à marca Playboy uma direcção e trazê-la de volta à vida», afirma Marshal Cohen, analista chefe do NPD Group. «Esta é uma marca que concedeu licenças em todos os tipos possíveis de produtos, sem qualquer controlo ou qualquer plano real a longo prazo», acrescenta Cohen.
Segundo Nick Gibbons, analista na empresa Gradient Analytics, 33 milhões de dólares poderia ser o preço justo para a marca. «Não soa astronómico e estaria ao alcance da Iconix», sublinha o responsável.
Mas o que vai acontecer com a revista Playboy? Para a sua edição de Janeiro/Fevereiro 2010, a Playboy reduziu a circulação garantida aos anunciantes, passando dos 2,6 para os 1,5 milhões. Esta é uma grande queda para uma publicação que afirmou possuir uma circulação superior a 7 milhões de exemplares em 1972 e ajudou a moldar a opinião da sociedade sobre a nudez, o sexo e a liberdade de expressão, mesmo que enfurecendo os defensores da dignidade da mulher.
No entanto, o que outrora era considerado controverso, hoje é muitas vezes considerado banal. Além disso, o fácil acesso a conteúdos na Internet tornou a revista menos desejável pelos leitores mais jovens. Por outro lado, as revistas com menos exposição das modelos, como a Maxim, e as revistas com uma exposição mais agressiva das modelos vieram também ocupar uma quota do mercado.
No final das contas, se a Playboy não se diversificar, vai pro "brejo", como as revistas que não mudam o seu foco e não se adaptam à melhor forma de explorar o que têm ou tinham de melhor, seus leitores.
Abs,
Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Fonte: portugaltextil