Dubai: do luxo à crise, de polo turístico de luxo a risco de calote bilionário

Na semana passada, o conglomerado estatal Dubai World pediu a seus credores para adiar o pagamento de US$ 59 bilhões em dívidas da incorporadora Nakheel, da qual detém o controle, abalando os mercados financeiros em todo o mundo. Reflexo da crise global, que derrubou em 50% os preços dos imóveis em Dubai.
Ao contrário de Abu Dhabi, o vizinho que hoje controla 90% das reservas petrolíferas dos Emirados Árabes Unidos (a quinta maior do mundo), Dubai precisou muito mais cedo se preocupar com a era pós-óleo: sua produção caiu vertiginosamente desde as descobertas dos anos 60 e hoje o petróleo e gás natural respondem por menos de 6% da arrecadação.
A solução foi um investimento maciço no setor de serviços financeiros e de turismo, para aproveitar as vantagens geográficas de se estar no meio do caminho entre Ásia e Europa.A partir dos anos 90, o emirado passou por um boom de construções e investimentos, que incluíram prédios nababescos, gigantescas ilhas artificiais, um shopping center com estação de esqui, e o maior aeroporto do mundo, além do prédio mais alto do planeta.
A dúvida fica em saber, Dubai quer ser a próxima Paris do Oriente Médio? Se sim, terá que ser muito mais do que belos prédios gigantes e muito mais em estrutura para todo tipo de turista e não só dos ricos e bilionários. Esses não vão ficar indo sempre ao mesmo lugar e é aí que entra o planejamento estratégico de uma cidade turística. Acho que eles entenderam bem ao buscarem uma posição de ícone de riqueza no mundo, mas esqueceram que no mundo do turismo, ser apenas um ponto de referência não é o bastante para girar a economia.
Abs,
Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Fonte: O Globo