Desafio estratégico: Supermercados ainda não se adaptaram ao canal de venda da internet
Desde 1999 quando pubiquei um capítulo no livro Varejo Competitivo sobre Marketing na Internet, acreditava que a venda pela internet era factível e altamente rentável. Não mudou nada. Talvez pelo pioneirismo, o artigo tenha sido um sucesso, mas claro, baseado em pesquisas e pontos de vistas acadêmicos e práticos que mostravam à 10 anos atrás os passos que o mercado deveria dar. Recentemente a Pro Teste, entidade de defesa dos consumidores, fez uma avaliação sobre o serviço de compras virtuais de 15 supermercados. Foram pesquisadas as empresas Pão de Açúcar, Angeloni, Hippo, Nacional, Zona Sul, Princesa Supermercados, Mercadorama, MartPlus, Econ e Sonda, presentes em sete capitais brasileiras. A pesquisa mostrou que ainda há muito que evoluir, mas que a adesão das grandes redes não terá desistências tão cedo. Um dos pontos críticos foi a entrega de produtos refrigerados. Entre todas as solicitações, em apenas um caso o produto foi acondicionado de forma adequada e chegou na temperatura ideal. É simples, enquanto os fornecedores entregam produtos frios em veículos adaptados para tal, a logística dos gestores das unidades de negócios dos supermercados ainda pensam na entrega de kombi. Ou seja, falta de visão para atender melhor às necessidades do consumidor em um modelo de negócio diferente.
Outro ponto crítico apurado foi o tempo de entrega. Quatro dos 15 estabelecimentos não cumpriram o horário marcado para a entrega e a maioria excedeu o prazo de duas horas. Os gastos foram, em média, 4% superiores aos das compras feitas nas lojas físicas, com variações que chegaram a até 17%. O que vejo é que falta cabeça de negócios nos gestores. É como uma pizza, pega o pedido, faz a pizza e entrega de MOTO. Pedido à pedido. O preço de uma pizza entregue em casa e uma congelada do supermercado tem uma diferença de muito mais do que de 100%. Significa que quem cuida desses canais nas redes não está pensando como delivery e sim como entrega de compras da década de 80 quando o empacotador levava de bicicleta e hoje deram um furgão para ele. E tem mais, a maioria das compras nos supermercados presenciais é de coisas pequenas, que cabem em 2 ou 3 sacolas que cabem perfeitamente no baú de uma moto.
Novo canal de vendas necessita de adaptações, não só de sistemas de informática, mas de sistemas e formas de trabalho. Enquanto o varejo virtual de alimentos não evolui, muitas oportunidades se abrem. Deve-se lembrar que existem perfis de compradores. Quem compra pela internet é diferente de quem gosta de ir no supermercado. Já está mais que provado em diversas pesquisas, homem detesta ir ao supermercado, agora que tal perguntar se comprariam pela internet? Espero que de tanto investirem nesse novo canal, possam determinar um mark up justo e empregar uma abordagem diferente da que estão fazendo atualmente. Até agora só modernizaram a forma de comprar, não no formato do canal. Quem sair na frente (first mover) e entender essas adaptações será o vencedor.
fonte: Pro Teste
fonte: Pro Teste