Propaganda enganosa? Varejo e indústria não repassam corte do IPI e as vendas aumentam, como?
Com a bandeira da crise, o governo foi na mídia, soltou o verbo e ainda assinou em baixo. Redução de IPI para a indústria de linha branca mirando nos descontos que os clientes iriam ter e vislumbrando o aumento do consumo. Anúncio que a mídia espalhou que nem cheiro de cafezinho em buteco de centro da cidade, propaganda melhor e de graça, impossível. Com o governo de aliado, com a mídia jornalística fazendo propaganda, foi fácil vender. As equipes de marketing já sabiam o que fazer nas lojas. Resultado: deu certo! O consumo de linha branca aumentou e "todo mundo" está feliz. O governo já abriu mão de R$ 1,6 bilhão via desonerações e reduções de tributos sobre veículos, eletrodomésticos da linha branca e material de construção, mas o problema é que tal benefício não foi repassado, em muitos casos, integralmente ao consumidor.
Segundo levantamento da FGV feito a pedido da Folha, boa parte dos produtos alvo da isenção ou do corte do IPI não sofreu queda de preço no varejo proporcional ao benefício, que deve ser prorrogado (parabéns aos poucos que convenceram o ministério responsável). Pelos dados da pesquisa, não é possível identificar com precisão qual elo da cadeia deixou de repassar o corte do imposto.
O caso mais emblemático é o dos fogões, cuja alíquota do IPI caiu de 5% para zero. No varejo, o produto baixou, em média, só 0,97% entre abril e junho. E quem "comeu" os outros 4,03%? Apenas os carros se salvaram na pesquisa. Segundo a FGV, o preço do automóvel novo caiu 6,93% de janeiro a junho. Isso porque o modelo de negócio da indústria automobilística tem apenas um intermediário na cadeia de distribuição, as concessionárias que são ligadas diretamente às indústrias. Ponto de atenção para o governo pensar melhor nas próximas reduções ou alerta geral para mostrar que a reforma tributária vai fazer mais um aniversário sem solução definitiva. Enquanto isso, as empresas guardaram todas as possíveis ações que foram substituídas pela bola da vez, redução do IPI. Esse é o perigo estratégico, guardar velhas fórmulas e aplicá-las um cenário e contexto diferente de quando foram concebidos. Lembrando que grandes empresas fazem planejamentos com 1 ano de antecedência, a redução de IPI do governo salvou o bônus de muita gente, o que é ruim, pois pode gerar acomodação e falta de promoção real no mercado. Boa oportunidade para quem conseguir ver esse cenário. Será que a direção da sua empresa enxerga isso?
Segundo levantamento da FGV feito a pedido da Folha, boa parte dos produtos alvo da isenção ou do corte do IPI não sofreu queda de preço no varejo proporcional ao benefício, que deve ser prorrogado (parabéns aos poucos que convenceram o ministério responsável). Pelos dados da pesquisa, não é possível identificar com precisão qual elo da cadeia deixou de repassar o corte do imposto.
O caso mais emblemático é o dos fogões, cuja alíquota do IPI caiu de 5% para zero. No varejo, o produto baixou, em média, só 0,97% entre abril e junho. E quem "comeu" os outros 4,03%? Apenas os carros se salvaram na pesquisa. Segundo a FGV, o preço do automóvel novo caiu 6,93% de janeiro a junho. Isso porque o modelo de negócio da indústria automobilística tem apenas um intermediário na cadeia de distribuição, as concessionárias que são ligadas diretamente às indústrias. Ponto de atenção para o governo pensar melhor nas próximas reduções ou alerta geral para mostrar que a reforma tributária vai fazer mais um aniversário sem solução definitiva. Enquanto isso, as empresas guardaram todas as possíveis ações que foram substituídas pela bola da vez, redução do IPI. Esse é o perigo estratégico, guardar velhas fórmulas e aplicá-las um cenário e contexto diferente de quando foram concebidos. Lembrando que grandes empresas fazem planejamentos com 1 ano de antecedência, a redução de IPI do governo salvou o bônus de muita gente, o que é ruim, pois pode gerar acomodação e falta de promoção real no mercado. Boa oportunidade para quem conseguir ver esse cenário. Será que a direção da sua empresa enxerga isso?
Fonte: Folha