Inovação - investimentos, incentivos, venture capital e empreendedorismo

sábado, junho 27, 2009 Jony Lan 0 Comments

Conheço o tema inovação, seu papel, suas limitações, sua evolução e os desafios no Brasil e no mundo. Seus tipos vão de disruptiva, incremental, e tantas outras nomeclaturas para definir o grau de inovação. Uma das grandes discussões é que o governo tem um grande papel nesse sentido. Tanto de provocador como apoiador desse processo. Sim, inovação é um processo. Para muita gente, inovação é algo caro, complexo e envolve tecnologia. Engano, inovação é um processo. O resultado final pode ser um produto com tecnologia, ou uma simples melhoria no processo produtivo.

Dados
Em termos de incentivo a última pesquisa GEM – Global Enterpreneurship Monitor, divulgada em março de 2009 pelo Sebrae, mostra que apenas 0,6% das micro e pequenas empresas brasileiras são inovadoras. O Brasil está entre as últimas posições no ranking dos 43 países pesquisados no estudo. Sim, estamos entre os últimos. Uma vergonha quando os paises do BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) estão ganhando foco no cenário de crise. Mas “com incentivo, as micro e pequenas empresas inovadoras podem saltar das atuais 50 mil para 80 mil em dois anos”, diz o diretor-técnico do Sebrae Nacional, Luiz Carlos Barboza, especialista no assunto.

Verbas
Não têm dinheiro para colocar aquele projeto inovador em funcionamento? Lembra quando falei do papel do governo? A Finep (Financiadora de Estudos e Projetos), agência de inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia, no programa Inovar Fundos, acaba de acrescentar mais quatro parceiros: Fundação Cesp, o fundo de pensão Fibra da Itaipu Binacional, o Banco de Desenvolvimento de Minas Gerais e o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul.

O diretor de Inovação da Finep, Eduardo Costa, disse à Agência Brasil que embora as ações de capital de risco sejam recentes no Brasil, o país é pioneiro na América Latina. E o sucesso do Inovar já começa a ser replicado para mais países latinos. Mas não se iluda, ainda somos "peanuts" em inovação no mundo. E isso é culpa nossa, pois há mecanismos, mesmo que escassos, para fazer inovação.

Números
Atualmente, os fundos Inovar contam com oito parceiros: Fundo Multilateral de Investimento do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), os fundos de pensão Petros, Previ, Funcef, Fapes, Fachesf, Eletros e a BM&F Bovespa. Cada fundo investe em dez ou 12 empresas inovadoras durante um período de cerca de três a quatro anos. Segundo Costa, a ideia é que o número de fundos cresça muito nos próximos anos. Ele disse que, com a crise internacional, a queda nos juros provoca um movimento na direção dos fundos de maior risco, em geral. No caso da Finep, isso é sentido nos fundos de capital de risco, que despertam interesse dos investidores, em especial dos fundos de pensão.

As empresas inovadoras apoiadas pelos fundos Inovar são, predominantemente, de tecnologia mais intensa. O maior setor é o de tecnologia da informação e comunicação (TIC), seguido de biotecnologia (biomassa) e energias renováveis. A participação da Finep é de aproximadamente 10% dos fundos maiores até 49% dos fundos menores, com a participação média entre 15% a 20%. “No final, a gente multiplica o nosso dinheiro por seis ou sete”, afirmou Costa.

Case de empreendedorismo
Você já sabe que estamos engatinhando em inovação, sabe que existe fundos de incentivos para colocar aquele projeto em prática e agora entenderá um mini case do Grupo Accor, que atua no Brasil há 33 anos com diferentes marcas divididas no segmento de hotelaria e de serviços. Por isso, até 2005, a empresa procurava responder a seguinte questão “se eu tenho um Grupo que trabalha com business tão diferentes, como alavancar vendas entre os clientes dessas marcas, já que todas trabalham no mesmo grupo?”, comenta Gustavo Z. Chicarino, diretor de Estratégia e Marketing do Grupo.

A resposta foi a criação dos Clubes de Sinergia Accor, fóruns de cooperação, constituídos por representantes de todas as marcas de determinada região, com objetivos e metas orientadas para a sinergia de negócios, por meio de cooperação e ações compartilhadas entre as diferentes marcas. O Clube precisa identificar e desenvolver negócios, potencializar recursos, promover a integração entre as marcas, fortalecer a imagem do Grupo, difundir e incentivar a cultura Accor e disseminar valores institucionais.

Mecânica
O Grupo conta com 15 clubes distribuídos por todo o Brasil, e cada um contém a presença mínima de três marcas por região. Cada marca é representada por, no mínimo, dois funcionários, e cada clube conta com um coordenador e um secretário. Ao ser formado, a primeira atribuição do clube é a construção do Plano de Metas, estabelecendo objetivos a serem perseguidos ao longo do ano em três eixos: 'People', com ações de clima e relacionamento, aproveitamento dos recursos de RH, integração e confraternização, e ações de responsabilidade social para o público interno e externo; 'Service', para a alavancagem da marca Accor na região, cross-selling na carteira de clientes, ações conjuntas de relacionamento para o cliente, gestão da informação e blindagem dos clientes; e 'Profit', para a otimização de recursos, utilização de instalações ou facilidades comuns, gestão de contas inadimplentes ou não-rentáveis, análise de oportunidades, e meta em volume de negócios.

Resultados
De 2005 a 2008, os Clubes fecharam mais de 450 milhões em novos negócios, e trouxeram um montante de 734 novos clientes para o Grupo Accor. Em 2009, a meta para os Clubes é a conquista de R$ 101 milhões e 500 mil reais em novos negócios.

"A abertura de novos negócios é sempre vista com desconfiança pelas empresas que crescem fazendo a mesma coisa há anos, décadas, mas quando é direcionada para a inovação, empreendedorismo, com metas claras e com o objetivo de diversificação e melhorias contínuas, os resultados normalmente são sempre positivos. A evolução das empresas, dos negócios e dos empreendimentos começam com as pessoas e o DNA cultural da empresa, se não focar nesse fator inicialmente, qualquer ação poderá enfrentar maiores riscos no sucesso da inovação. Acredite, incentive e comece a mudar a cultura da sua empresa. Destine apenas 10% para coisas novas e garanta a oxigenação necessária para enfrentar a dinâmica do mercado. Não sabe como fazer? Peça ajuda, melhor fazer algo novo do que a mesma coisa durante anos."

Fontes: DCI, Agência Brasil, Meta Análise

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